terça-feira, fevereiro 06, 2007

O FILHO QUE EU QUIS

O FILHO QUE EU QUIS

Conheci-te como ave assomada em seu canto!
Tua voz, como luz revelada no cálice vazio de tempo.

Amanhecer!
A finura
do ouro e a verde
frescura
do vento abriram o segredo do bosque escolhido,
onde o silêncio se irmana,
na luz ciciante,
com a inocência da água.

Vieste,
na brisa,
como remota corrente,
semear teu aroma na terra inflamada.

Pressentia o rumor,
nas selvas e longes,
da neve, com gretas de sol, sobre os cumes.

Caíu sobre o campo o mistério mais lúcido,
como um canto de vozes futuras, que tu,
com gesto adolescente,
desfraldas ao vento...

Um perfume de sangue e de neve
é, agora,
a chuva reclinada sobre a sede do campo,
que encheu o crepúsculo fugido...

Vieste,
na brancura imponderável do cisne sobre a água,
como um pássaro,
semear teu aroma
na terra inflamada.